Um fluxo de investidores estrangeiros têm garantido sucessivos recordes de fechamento na Bolsa brasileira e animado profissionais do mercado financeiro.
O presidente do Grupo UBS no Brasil e responsável pela América Latina, Daniel Bassan, disse em entrevista ao Capital Insights que o banco tem visto um número maior de investidores nas conferências realizadas ao longo do ano no exterior, com muitos pedindo encontros com companhias.
Ao mesmo tempo, por meio da corretora do banco, que responde por 17% do volume negociado na bolsa, o UBS tem presenciado esse aumento no fluxo.
“Há uma realocação global e o capital está indo para mercados emergentes. O Brasil poderia estar aproveitando mais esse fluxo”, afirmou o executivo.
Parceria entre o CNN Money e a Broadcast, o programa entrevista semanalmente referências do mercado financeiro para discutir o cenário econômico do Brasil e do mundo. O Capital Insights vai ao ar toda quinta, às 19h, no CNN Money.
O Brasil ainda é visto como um ambiente de risco, que precisa endereçar problemas macroeconômicos, principalmente o fiscal, acrescenta ele. Contudo, segue Bassan, o estrangeiro percebe as oportunidades presentes no país, considerando o cenário geopolítico global e as novas economias, como a verde e a digital.
Ele nota que, apesar de tudo, quase R$ 30 bilhões entraram no mercado brasileiro, representando mais de 50% do capital da Bolsa.
“Por isso eu brinco que a chave está no painel, talvez o carro já tenha até ligado, mas ainda não começou a andar. Então, o investidor está olhando como uma oportunidade, mas o investidor sabe que é uma oportunidade de risco”, diz.
Bassan acredita que o fluxo do estrangeiro deve continuar no ano que vem e – se auto declarando otimista -, que há chance de uma IPO (oferta inicial de ações) já em 2026, a partir do segundo ou terceiro trimestre.
“É claro que há eleição, e isso vai ser uma interrogação até outubro.” Para uma nova listagem alcançar sucesso, pondera, é preciso que a oferta de ações seja grande, na casa dos bilhões, porque o estrangeiro quer liquidez, para ter uma porta de saída, complementa o executivo.
Em termos de setores que apresentam maior potencial de atração estão os de energia elétrica, saneamento, seguros, tecnologia e data centers. “Estamos super bem posicionados para liderar em data center, temos energia e capacidade de fazer, e ao lado de tecnologia, são setores que achamos que irão se expandir com o crescimento econômico”, afirma.
Ainda na entrevista, Bassan comenta sobre a solidez do sistema bancário brasileiro e que a liquidação do Banco Master nesta semana não deve ter potencial para um risco sistêmico e de respingar em outros bancos de médio porte. Entretanto, afirma que existe uma possibilidade de algum impacto no custo do crédito ou dos serviços bancários por tempo limitado.