A Rússia atacou Kiev e outras regiões da Ucrânia com mísseis e drones neste sábado (27), antes do que o presidente Volodymyr Zelensky disse que será uma reunião-chave com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tentar fechar um acordo que encerre quase quatro anos de guerra.
Antes dos ataques noturnos, Zelensky afirmou que suas conversas na Flórida, no domingo, se concentrariam no território que ficaria sob controle de cada lado após a interrupção dos combates iniciados em fevereiro de 2022, quando o presidente Vladimir Putin invadiu o país vizinho menor da Rússia, no conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Explosões foram ouvidas em Kiev quando as unidades de defesa aérea da Ucrânia entraram em ação, e os militares informaram no aplicativo Telegram que mísseis estavam sendo lançados. A Força Aérea disse que drones russos estavam mirando a capital e regiões do nordeste e do sul.
Um alerta de ataque aéreo permanecia em vigor na capital cerca de quatro horas após ser emitido. Não houve relatos imediatos de danos ou cortes de energia.
Controle de território é o principal obstáculo diplomático
A Rússia não comentou imediatamente os ataques.
Na noite da última quinta-feira (25), a Rússia atingiu a infraestrutura energética da Ucrânia e intensificou os ataques à região sul de Odesa, onde ficam os principais portos marítimos do país.
Em meio à continuidade dos combates intensos, o território segue sendo o principal entrave diplomático. Um rascunho de 20 pontos da campanha liderada pelos EUA para fechar um plano de paz está 90% concluído, disse Zelensky a jornalistas em Kiev.
Ele afirmou que um acordo de garantias de segurança entre a Ucrânia e os Estados Unidos estava quase pronto — um elemento-chave depois que garantias dadas em anos pós-soviéticos anteriores se mostraram sem efeito.
“Muita coisa pode ser decidida antes do Ano Novo”, disse Zelensky ao Politico.
Trump afirmou que os Estados Unidos são a força motriz por trás do processo.
“Ele não tem nada até que eu aprove”, disse Trump ao Politico. “Então vamos ver o que ele tem.”
Zelensky disse ao Axios que os EUA ofereceram um acordo de 15 anos sobre garantias de segurança, sujeito a renovação, mas que Kiev deseja um acordo mais longo, com disposições legalmente vinculantes para se proteger contra nova agressão russa.
Trump disse acreditar que a reunião de domingo será positiva. Ele também afirmou que espera falar com Putin “em breve, o quanto eu quiser”.
Usina nuclear e zona econômica livre também estão em discussão
Além do território, um ponto crítico é o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, tomada pela Rússia nas primeiras semanas da guerra.
Moscou exige que a Ucrânia se retire de áreas da região oriental de Donetsk que as tropas russas não conseguiram ocupar em sua ofensiva para garantir todo o Donbas, que também inclui a região de Luhansk.
Kiev quer que os combates sejam interrompidos nas linhas atuais.
Segundo um compromisso proposto pelos EUA, uma zona econômica livre seria criada caso a Ucrânia deixe partes da região de Donetsk, embora os detalhes ainda não tenham sido definidos.
O Axios citou Zelensky dizendo que, se não conseguir convencer os EU A a apoiar a posição “forte” da Ucrânia sobre a questão territorial, ele estaria disposto a submeter o plano de 20 pontos a um referendo — desde que a Rússia concorde com um cessar-fogo de 60 dias para permitir que a Ucrânia prepare e realize a votação.
Ele disse querer que mais pressão seja exercida sobre a Rússia.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou que a versão ucraniana do plano de 20 pontos difere do que a Rússia vinha discutindo com os EUA, segundo a agência Interfax-Russia.
Ainda assim, ele demonstrou otimismo ao dizer que as negociações chegaram a um “ponto de virada” na busca por um acordo.
O assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, conversou com membros da administração Trump depois que Moscou recebeu propostas dos EUA sobre um possível acordo de paz, informou o Kremlin na sexta-feira. Não foi divulgado como Moscou avaliou os documentos.
